Faltava uma parte porque não havia como preencher, ainda mais após tantos rompimentos, buracos deixados, vazios existênciais. Ela foi seguindo tão no automático por tanto tempo que não se dava conta de partes tangíveis que abertas ainda estavam. Algumas havia elaborado com sua analista, longos meses falando repetidamente do mesmo assunto até cessar. Mas ainda havia aquela parte que não era falada. Muitos silêncios. Um dia chuvoso acordou e pegou seu café coado, ao dar o primeiro gole relembrou de você, sentiu, respirou fundo e chorou. Na mesma semana falou de você para melhor amiga, na mesa do bar, na cadeira da cabelereira, com desconhecidos que encontrava, com familiares próximos e com sua analista. Cada pedacinho de você, cada sensação de você, cada pensamento de você. Foi assim que costurou as partes que faltavam de você.
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