Thainara Juvino

Eu nunca compreendi seu choro ao me ver partir, se foi você quem partiu primeiro sem deixar rastros. Você foi cruel, e eu passei muitos anos me culpando acreditando que o problema fosse eu. Eu e meu jeito exagerado de me entregar, de mergulhar profundo e sem medo. Eu e minha mania inocente de confiar e acreditar nas pessoas. Eu e a vontade insaciável de você. Eu e a forma mais louca de lidar com a paixão que me ardia a alma. Eu e você. Eu sem você.  Nós e o fim. 

  É na experiência da dor que há transformação. Me sinto confusa diante de tudo que me foi  vivenciado nas ultimas semanas. Me recuso a acreditar que grandes mudanças só ocorrem em sua maioria na presença de imensas catástrofes. Foi assim que deu inicio a uma terceira guerra mundial. Que desprazer recordar! Dizem que é necessário adaptação para que possamos sobreviver. É assim desde que me entendo por gente, sempre tendo que me adaptar as mudanças externas que me envolvem. É cansativo. Complexo compreender aquilo que nos foge. Sinto que me perdi no espaço e tempo, como uma concha flutuando na imensidão de um mar aberto. A gente passa uma vida inteira aprendendo e desaprendendo, e agora eu preciso desaprender uma parte das coisas que eu acreditava serem certas porque eu achava que estava no caminho certo. Não faz mais sentido, todas as teorias que criei sobre como fazer isso dar certo, todas estavam equivocadas. Solidarizo com a minha própria dor, temos que aprender a perder. Os espaços

Silêncios, me pego buscando compreender este momento único de autoconhecer e perceber o que mais necessita ser reparado. Um mergulho inteiramente intimo. O banho quente trás paz, a escolha dos novos objetos, das plantas e do tipo de vinho necessário para manter em estoque deixa tudo mais intimista e acolhedor, acolhe-dor. Mentalizo fortes agradecimentos ao universo pelo ciclo. Nutro meu presente como quem acaba de entrar em um novo relacionamento, de fato é novo o ato de relacionar-se consigo mesmo e adentrar-se na fascinante descoberta do meu eu, pulsante, vibrante, ardente. Amo-me como uma mulher que acaba de descobrir seu poder de ser e pertencer. Desejo-me como quem acaba de descobrir seu ponto mais excitante ao tocar em seu intimo e entender que o principio do prazer começa com a própria descoberta da satisfação do desejo, sexual e de tantos outros desejos. No tapete do quarto após alongar meu corpo faço dele meu lugar de libertação e danço como quem busca a intimidade da próp

Eu queria te contar como eu estou agora, a nova versão que eu desenvolvi com o passar dos (danos), a forma como eu aprendi a não magoar tão profundamente as pessoas e como venho me aprimorando na minha carreira. Gostaria que soubesse o tanto de coisas que eu agreguei e até a forma mais leve que eu aprendi a levar a vida. O quanto eu melhorei com minhas inseguranças e o jeito que eu aprecio cada dia mais a natureza. Se tu soubesse como foi longa a caminhada até aqui, talvez tu iria gargalhar com algumas vivências engraçadas e o quanto eu fiquei mais palhaça, eu era tão séria antigamente. Você talvez não acreditaria em quem eu sou agora, no respeito que eu tenho pelas pessoas a minha volta e na minha militância árdua pela luta a saúde mental da humanidade. Sabe, eu busquei um autodesenvolvimento incessante, ele persiste até os dias atuais. Eu magoei muitas pessoas no meu passado, eu errei um tanto e eu reconheci isso muito tempo depois, foi por mim que eu mudei, por não querer repeti

Lembro-me das dezenas de vezes em que me queixei por não ter tempo para nada. Na época da graduação uma das épocas mais marcantes da minha vida foi um momento em que muito pedi uma pausa, nos últimos anos de graduação desenvolvi transtorno de ansiedade recorrente da sobrecarga emocional e do mal funcionamento do corpo, afinal dormia quatro horas diárias, trabalhava e estudava e boa alimentação quase não existia. Eu não tinha tempo! Ultimo ano da faculdade com tcc, estágios, atendimentos um relacionamento no começo e um trabalho de mais de oito horas para dar conta, essa vida automática e agitada me levou para o hospital com a primeira crise, taquicardia, falta de ar e os pensamentos a mil me fizeram parar e buscar ajuda profissional. Porém mesmo com as analises eu ainda me queixava da falta de tempo para aproveitar a vida, e de fato faltava-me o tempo. Depois de formada muitas coisas mudaram e com elas um pouco da minha ansiedade também mudou, afinal eu já poderia voltar a dormir melh

Palpitações, foi assim que senti o coração quase que sair de dentro do meu corpo ao te ver naquele café. Sentada numa cadeira macia, lendo um livro de romance com aquela camisa azul anil e aquele jeans desbotado. Eu não conseguia desviar meu olhar de você e do seu cabelo bagunçado pelo vento. Foi então que você me notou parada ali em frente ao seu café favorito admirando o que havia de mais lindo naquele lugar. Entrei no café com as pernas tremulas depois que você me notou e procurei uma mesa próxima a sua para sentar e degustar um capuccino duplo. Tirei da bolsa um livro que tinha como titulo: presa a mim um romance repleto de diversidade. Depois de alguns minutos de leitura você pediu licença e me perguntou sobre o livro que eu lia, novamente senti palpitações uma sensação estranhamente incrível, era notável o desembaraço. Te expliquei sobre o livro e como sua ficção me envolvia pretensiosamente, você sorriu e eu me perdi naqueles minutos de risadas. Eu quis saber do teu romance tam