Fotografias

Hoje eu resolvi arrumar meu quarto e meu guarda-roupas. Eu acho incrível a forma como a maioria das pessoas resolvem fazer isso, quando estão inconscientemente incomodadas com algo o qual é difícil descrever. Então, eu encontrei algumas fotos que havia revelado meses atrás. No primeiro momento me deu vontade de chorar, mas continuei organizando o quarto e deixando para falar sobre isso depois, quando eu pegasse meu notebook para escrever sobre esses sentimentos. É, eu acreditava que eles não existissem mais. É engraçado como acreditamos fielmente que superamos determinadas relações. Não sei dizer ao certo o que sinto ao ver essas fotos, mas acredito que seja algo plangente. É ruim não achar respostas para nossas angustiantes perguntas. Nessas três fotografias reveladas eu consigo ver brilho em meus olhos, sorrisos verídicos, devaneios e muita imprecisão. Acima de todo o amor que eu trazia para esses momentos, eu vejo vazios de alguém ao meu lado na foto, que nunca esteve, que nunca estará. Eu sei que por mais linda que seja, ela não vale uma letra aqui escrita. Mas, ela me possibilitou uma experiência implausível de como não devo me despir de alma, para pessoas como ela. 
Nos culpamos por abrir nossos corações para quem é desonesto conosco, fazemos promessas de que não deixaremos mais ninguém invadir nossa individualidade, passamos um bom tempo perguntando onde será que nós erramos, quando na verdade o erro está em quem não soube nos regar. Hoje só quero mesmo falar pela última vez o quanto sua partida foi catastrófica. Mas o tempo vem ajudando a reparar os danos, nada que uma boa terapia não resolva. Você foi minha alucinação mais consciente que já vivenciei. Porque você me deu asas, porém esqueceu de voar comigo, e quando me vi no mais alto, você estava no chão me olhando voar e foi então que eu cai em precipício. Apesar da grande queda, dos hematomas e sequelas, estou me recuperando tão bem quanto imaginava. Sou grata pela desordem! 




Comentários

  1. Excepcional seus textos.É de uma grande preciosidade! Abraços.

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