Postagens

Quando a gente vira lar para quem ainda mora nos próprios escombros

Outro dia estive refletindo sobre a maneira como fazemos casa nas ruínas do outro.  Como tu quer se alojar e buscar abrigo em um território totalmente destruído?  Pensando nisso me dei conta de quantas vezes eu reconstrui minha casa e fiz dela abrigo para que outra mulher passasse um tempo e ela destruiu. E não que ela quisesse intencionalmente e propositalmente acabar com todo meu espaço que eu havia reconstruido, mas é que se a pessoa destrói tudo por onde passa certamente ela não sabe viver com tudo organizado em sua volta.  Abrigar alguém que ainda não conseguiu reconstruir sua própria casa para ter um lar seguro dentro de si mesma, é correr o risco de as duas ficarem sem refúgio. Vagando sem direção, sem lugar para se ancorar quando se faz necessário o descanso, a pausa e o desfrute do tédio.  - cuidar do próprio templo é entender que na dança das trocas justas, eu te abrigo e você me abriga. Eu te sirvo um chá quente na minha casa e você também me dá de beber. ...

Sobre o que é que se sente quando se apaixona

  Hoje me dei conta de que eu ainda não havia escrito sobre a nossa história. Eu ja havia contado e recontado ela infinitas vezes, em mesas de bares, para amigas, para estranhos, no retiro que fiz ano passado em Junqueiro AL. Eu já contei sobre nós e principalmente sobre meus sentimentos relacionados a nós até para tarologas, psicólogas, ex ficantes, ex namoradas, bichinhos de estimação... Mas não contei na escrita. Descrever aquele dia e todos os outros após ele é olhar por uma perspectiva que eu havia fugido infinitas vezes. Agora achei importante trazer para o que eu amo (a escrita), as verdades que carrego comigo. Até mesmo porque, a ultima vez que contei sobre isso foi para alguém que nem esta mais vivo. Foi quando percebi que ele que não está mais vivo a cerca de anos conseguia enxergar coisas em mim que eu mesma estava com dificuldades de aceitar. Tudo começou naquela noite, de sexta ou sábado,  não lembro exatamente o dia.  Mas lembro que eu estava bem, e que havi...

O gosto que tem do que é mútuo

 Uma saudade efêmera hoje corroeu o meu peito e embargou minha voz.  E eu não pude contar dela para ninguém. Eu não quis compartilhar dos meus momentos bonitos, aqueles poucos momentos bonitos em que eu me senti vista e real. Não que eu não me sinta real, é que eu já soube o que é sentir um frenesi no meu corpo ao saber que ali eu estava sendo vista de todos os angulos, da alma pra fora. Impossivel esquecer o valor que alguem nos deu. Carrego como mantra tudo de bonito que ja foi me dito. Até porque, poucas coisas bonitas já foram me ditas antes de você. Eu vivi poesia, vivi um conto de fadas real, vivi uma uma saudade bonita. Uma mutualidade gravitacional de afetos genuinos e doces. E é só estando muita viva que tudo isso se vive.

Hoje mais profana do que sagrada

Hoje queria incendiar numa cama, mas não numa cama qualquer, nem com uma mulher qualquer.  Hoje queria arder em chamas. Ser provocada e provocar, como quem com fome a horas devora e é devorada, servindo e sendo servida. Hoje queria o meu corpo de banquete para matar sua fome. Queria você rasgando minha calcinha de renda cor de vinho e chupando meus seios sem pedir licença. Hoje queria subir no seu corpo e sentir ele fervendo em prazer, vê-lo se contorcer de tesão com minhas mãos explorando cada curva e detalhe dele. Queria ouvir você me implorando para beber do seu líquido enquanto eu desço até sua buceta para matar minha sede de você. Hoje eu queria a gente em cima de uma cama tocando simultaneamente a buceta uma da outra e esboçando gemidos de muito tesão. Queria você me comendo sem cerimônias, sem medo, sem performance.  Queria você nua de corpo mas também de alma, sem amarras.  Porque eu quero te comer sem receios, sem roteiros, sem pudor. Sentindo você derreter por b...

Meio ano, meio século

 Meio ano se passou... Tiveram coisas que eu desejei e acontecerem, tiveram coisas que eu nem si quer cogitei imaginar e elas também aconteceram e nao só aconteceram como me arrebataram. Eu me perdi nesse meio ano, eu me reencontrei nesse meio ano e eu sinto que ainda estou tentando compreender o desatar de algumas nuances. Ser fiel aos próprios sentimentos é tarefa árdua. Sentir por sentir sem compreender minimamente não se mantém. Percebi que fingir que não sente é pior do que sentir demais. Velei sentimentos, escondi de mim mesma o que ainda sentia, muito não era dito. Eu magoei pessoas, eu magoei a mim. Eu findei, eu reeiniciei e recalculei rotas.  Eu chorei, eu fiquei muito chateada, decepcionada, frustrada. Eu me escondi, me apaguei, eu passei necessidades de pessoas na minha frente, eu resisti, eu insisti. Me lendo agora percebo a montanha russa que foi até chegar aqui. Junho, outono, folhas caindo, flores morrendo, a passagem das estações ensinando que ciclos se encerr...

Sentidos

 Tem coisa que não se explica mesmo, o tanto nessa vida que eu já bati cabeça para encontrar sentido em algumas coisas, não está escrito.  Tem coisa que só é e pronto. Dada as circunstâncias cá estou eu de novo passando pelo mesmo caminho que exitei pelo medo de me perder ao caminhar por ele. Me deparei com esse caminho um tempo atrás, corri de volta ao conhecido, parecia uma criança com medo do monstrinho de dentro do guarda roupas que inventaram pra gente que ele existia. Há o medo! Como ele é sorrateiro, ele é tão silencioso e sutil as vezes que nem nos damos conta que é ele quem nos faz entrar em estado de fuga. Entrei em estado de órbita, sai de mim e nada melhor para o medo do que uma pessoa desconectada de si mesma. E lá mesmo que ele se alimenta. Agora é duro voltar para o estado de presença, palavra essa que escolhi para definir e me acompanhar ao longo deste ano. Parar, recalcurar a rota, criar coragens para dar os passos naquele caminho novo, aquele lá que quando no...

Retiro - Junqueiro (AL)

Silenciando tudo o que me atravessa, que me anseia, que me bloqueia de ser eu mesma em minha magnitude e autenticidade. Desintoxicando minhas células, véstebras, moléculas, mente e o coração. Reconhecendo tudo o que mereço, que desejo, que me afeta e que desperta em mim a coragem de me amar e ser amada em todas as minhas versões. Sentindo que começou uma revoluçao dentro de mim, revolução essa que me ensina a não ser pouco, receber pouco nem me encaixar para caber. Minha nova casa já tem estruturas mais firmes e seguras. Precisei refaze-las várias vezes até me sentir mais confortável dentro dela. Texto escrito 24.08.2024 quando estava imersa em um retiro por um final de semana inteiro. Reler este texto me reacende algumas chamas.